26 de jan. de 2008

TPM & pantufas do Pooh

Eu não queria escrever um texto reclamando da minha vida, falando que eu ando muito estranha ultimamente e que apreciaria uma ajudinha -afinal após ler esse livro comecei a tentar parar de pensar em coisas ruins o tempo inteiro-, mas vou te contar, sou uma linda garota que às vezes -raramente- não consegue ver nada de bom em sua vida, e, peço perdão aos meus lindos fãs do mundo todo que passaram tanto tempo esperando por minha grande volta, mas hoje eu vou ter que dar uma reclamadinha. Não que minha vida seja horrível ou qualquer coisa assim, mas às vezes eu simplesmente me recuso a olhar para as coisas boas que me acontecem. Não sei se essas situações são proporcionadas por hormônios ou por carência, mas suponho que neste momento, sejam os dois.
Uma semana atrás, creio eu, graças a um lindo acontecimento mensal da vida feminina, eu resolvi me isolar do mundo.

Imaginem só que coisa bacana, eu passando a madrugada editando fotos minhas no Photoshop, tentando fazer com que alguma fique bonita. Mas não adiantava, mesmo se eu achasse uma foto bonitinha, eu pegava e estragava a foto botando um efeito podre. Então, depois de um grande trabalho em vão, depois de trocar minha foto do Orkut pela quinta vez, resolvi enganar meus amiguinhos, colocando uma foto de minha avó -com quem me pareço muito- em meu lindo perfil.


Eu comecei a passar meu tempo fazendo coisas totalmente inúteis, a comer um pacote de biscoito recheado por tarde e a ter alguns problemas com as pessoas que convivo -ou melhor, com quem deveria conviver. A cada vez que meu irmão -que operou o joelho faz uma semana- me chamava, fosse para buscar gelo ou para lhe dar seu remédio, eu me estressava, dizia que nossos pais tinham comprado as muletas para ele se mexer e pegar as coisas ele mesmo -o que é uma mentira, a gente já tinha muletas em casa, afinal meu pai foi atropelado há 4 meses, agora ele está bem obrigada-, que eu não vivia para fazer as coisas para ele. Ou quando alguém vinha falar comigo, fosse no msn ou no Orkut, eu deixava de lado, inventava que estava com sono, doente, que estava lendo ou qualquer outra desculpa retardada que você possa pensar. Quando meus vizinhos vinham me chamar para brincar lá fora, as desculpas eram ainda piores, afinal são férias de verão e não posso falar que estou fazendo tarefa.
Tudo isso, que, como já disse, fora proporcionado por algo denominado Tensão Pré-Menstrual, proporcionou a carência, que acabou me fazendo sentir pena de mim mesma, sozinha neste mundo cruel, o que me deixou mais mau-humorada -ou seria pior-humorada?!- e estranha, mas que me fez querer parar de me isolar do mundo. Então resolvi sair e fazer alguma coisa, vejamos que maravilha, seria minha primeira saída de casa em 4 dias, seria realmente muito legal. Seria. Depois de lavar meus cabelos, escolher uma roupa legal e secar meus cabelos, liguei para a primeira amiga. Ela não atendeu. Tudo bem, as outras atenderiam. A segunda também não atendeu. Nem a terceira. Nem nenhuma outra, eu acabei desistindo na quinta. Lá fui eu, com meu lindo cabelo brilhoso, minha roupa legal e minhas pantufas do ursinho Pooh, em direção a sala de TV. Depois de dois episódios de Ugly Betty, um de Gilmore Girls e um de The O.C., meu pai começou a gritar da cozinha. "Levanta daí, menina, vai lá correndo chamar seu irmão que sua mãe está passando mal." Eu obedeci, afinal ele tinha meio que me assustado com essa história da minha mãe estar passando mal, e acabei nem me dando conta que fui para fora de cassa de pantufas. Atravessei a rua e toquei a campainha da casa da namorada de meu irmão -É ISSO AÍ, ENQUANTO EU E MEU NAMORADO TERMINAMOS PORQUE EU MORO NO BRASIL E ELE NA FRANÇA, A NAMORADA DO MEU IRMÃO MORA NA CASA DA FRENTE, puta mundo injusto, meo-, contei a ele o que acontecera e fomos os dois para casa, eu correndo e ele o mais rápido que podia com suas muletas. Quanto chegamos, meu pai já estava trancando a porta de casa e nos dizendo para entrar no carro. Pai, eu estou de PANTUFAS, eu quis dizer, mas dada a situação eu achei melhor ficar quieta. Fomos até um posto na estrada, onde minha mãe, que não estava sentindo os braços, as pernas ou a orelha, rezava desesperadamente, sendo que ela estava com falta de ar, com falta de ar e rezando em voz alta, veja só que ótima idéia. Levamos ela ao hospital, e enquanto ela era atendida, eu e meu irmão sentamos na sala de espera criticando as pessoas que estavam ali em francês -afinal a gente chegou ali e não tinha lugar, e quem disse que alguém resolveu ser educado e ceder o lugar para o meu pobre irmão de muletas?!- e relembrando músicas velhas. É claro que todas as pessoas simpáticas da sala de espera estavam olhando para mim, observando minha linda pantufa e pensando em como eles iriam contar para os amigos depois -"Ei, você não vai acreditar. Eu estava no hospital na sala de espera, quando entra uma menina toda arrumada, e usando pantufas do ursinho Pooh! No hospital! E uma estava rasgada atrás, dava para ver todo o algodão, dava até a impressão que ia cair e que ela ia deixar um rastro de algodão para trás, HAHAHAHA, rastro de algodão.".
Depois desse episódio horrível de minha vida, depois que descobri que minha mãe não tinha nada, estava somente estressada, me dei conta do quanto a minha família é importante para mim. Mentira, na verdade eu só me dei conta disso agora que eu escrevi. Vou descer la na sala e passar um tempinho com eles.
Puts já é uma da manhã, eles já estão dormindo e tenho certeza que quando estavam lá embaixo se perguntaram "Por que será que a Giovana está se isolando do mundo?!". Mal sabem eles da minha linda conclusão, mal sabem eles que amanhã vou por um ponto final nessa história de isolamento.

9 de jan. de 2008

"Meu primeiro amoooorrrr..."

17h17, alguém está pensando em mim. Eu me pergunto quem, afinal os únicos que parecem dar bola para a minha existência ultimamente são os pedreiros que trabalham no novo prédio da rua e que me vêem de biquíni todas as manhãs a caminho da praia. Eu estou sentada, coçando minhas pernas –que estão simplesmente cobertas de picadas de pernilongos- e tomando um suco de maçã –que, na verdade, quando vi na geladeira pensei que era de abacaxi- geladinho, pensando sobre o fato de eu pensar demais. Acho que esse meu pensar excessivo deve-se ao meu primeiro ano na França, quando a maior parte da minha personalidade se formou.
Meu francês era mais-ou-menos, e eu entrei na escola esperando fazer vários amigos com quem poderia aperfeiçoar a língua. Mas no primeiro dia de aula, vi que as coisas não iam ser bem assim. Cheguei na sala 321 atrasada como sempre, abri a porta e todos olharam para mim. Eu fiquei ali parada por um tempo, observando todas aquelas pessoas que nunca tinha visto na vida e que, na minha cabeça, logo seriam meus melhores amigos, até que o professor disse-me, em um francês rápido e quase incompreensível, para sentar-me ao lado de Riccardo, um italiano com cabelo loiro de tigela e um nariz meio engraçado. Eu obedeci e andei até minha carteira. O professor se apresentou –chamava-se Jean, mas disse-nos aquele dia que devíamos chama-lo de Monsieur Brossel- num francês muito mais lento do que o que utilizou comigo quando me mostrara meu lugar. Eu observei as pessoas à minha volta enquanto ele falava sobre como as coisas funcionavam no Lycée International, e percebi que todos estavam olhando para ele com caras de meu-Deus-do-que-esse-cara-esta-falando. Foi então que percebi que eu era a única na sala que já tinha tido uma aula de francês na vida.
O professor escreveu no quadro seu nome, sua idade e sua nacionalidade, e disse a todos para se apresentarem usando as mesmas formas verbais que as escritas no quadro. A primeira a se apresentar foi uma menina magra, alta e muito branca. “Hmm... je m’appelle Sara” disse ela com dificuldade, “j’ai 13 ans et je suis suédoise”. Ela tinha um sotaque muito forte. Mas não foi isso que me chocou. Como ela podia ter 13 anos, enquanto eu tinha feito 11 quatro meses antes, e estarmos na mesma sala?! Eu fiquei meio preocupada, mas parei de pensar nisso quando o próximo aluno se levantou. Ele era alto –bem mais alto do que Sara-, forte, tinha cabelos dourados e uma pele muito branca. Vestia um moletom bordô, um par de jeans surrados e um tênis muito sujo. Ele disse que se chamava Lars, tinha 13 anos e era norueguês. Enquanto os outros alunos se apresentavam, eu fiquei olhando para ele e seu nariz perfeito coberto de sardas, seu moletom bordô e seu cabelo bagunçado. Eu estava apaixonada. O tempo passou rapido e, quando vi, Riccardo já estava se apresentando, com um sotaque italiano muito mais forte do que o sotaque sueco de Sara. Dentre as 3 pessoas que eu prestei atenção quando se apresentavam, ele era o único que não tinha 13 anos. Tinha 12. Menos pior.
Chegara a minha vez de me apresentar, e pela primeira vez na minha vida, eu fiquei com vergonha. Eu nunca tinha sido uma pessoa tímida antes disso, mas o fato de Lars estar olhando para mim me dava medo de falar, fazia minhas bochechas ficarem quentes e meu corpo inteiro tremer. Com esforço, disse que me chamava Giovana, que tinha 11 anos –o que fez todos da sala olharem para mim com cara de nos-somos-superiores-a-você-menininha-de-onze-anos- e que era brasileira. Depois de mim, 6 pessoas se apresentaram: Hannah, uma americana loirinha com quem não simpatizei muito –ela também tinha 13 anos-; Isha, uma americana de pele mais morena que parecia uma seguidora de Hannah –que, vejam que beleza, também tinha 13 anos-; Lucy, uma neozelandesa gorda, com cabelo comprido demais e saia de hippie –que para a minha felicidade tinha apenas 12 anos-; Mary-Jane, uma inglesa ruiva e de dentes tortos que 6 meses depois virou minha melhor amiga; Harry, um inglês baixinho e com cabelos compridos, loiros e bagunçados que tinha recém feito 13 anos –ele contou à sala que seu aniversario era no dia 30 de agosto-; e Tsukasa, um japonês que tinha 13 anos e que tinha recém aprendido nosso alfabeto.
Depois da aula de Monsieur Brossel tínhamos uma hora para almoçar. Aprendi que tinha que correr no horário do almoço se queria ter mais de 5 minutos para comer ao ver uma fila gigante na entrada do refeitório. Na fila da cantina, conheci Stefanie, uma alemã que estava na minha sala e que tinha 13 anos. Ela falava um pouco de francês, e começamos a discutir sobre como aquela fila podia ser tão grande, sobre como as pessoas atrás de nos estavam nos irritando –ficavam nos empurrando como retardados, como se adiantasse alguma coisa- e sobre como aquele cheiro ruim não nos dava vontade de comer nada. Com o tempo aprendi que aquele aroma agradável vinha da comida da cantina, que era horrível, e que as únicas coisas comíveis naquela escola eram iogurtes, pão e queijo –haha, bienvenue en France!
O tempo passou, Stefanie arranjou uma amiga que falava alemão, e eu estava sozinha de novo. O resto das pessoas da sala so falava em inglês entre si, afinal, para eles, falar francês era para losers. Eu resolvi usar um pouco do meu inglês, ele não podia ser tão ruim assim. Um dia, no fim da aula, fui falar com Sophia, uma americana de 12 anos que tinha uma gêmea, Katherine, que também estava em nossa classe. Ela não entendia muito bem o que eu dizia, e eu entendia muito menos o que ela dizia, mas eu gostei de Sophia. Ela não simplesmente me ignorava por causa de meu inglês horrível, ela me corrigia quando dizia alguma coisa errada ou tentava entender o que eu queria dizer quando inventava alguma palavra –do tipo atropelate, you know, car, BAAM, you-, e viramos amigas. Eu lhe contei sobre minha paixão platônica por aquele norueguês alto que vestia sempre um moletom bordô, e ela me disse que conhecia ele e que ele era muito legal.
Minhas esperanças de ter meu amor correspondido cresceram ao longo do tempo, graças a trocas de olhares ou às vezes que ele me dizia oi no corredor. Minha amiga Sophia era amiga de Hannah, aquela americana loira mais velha, que, segundo Sophia, também estava apaixonada por Lars. Hannah falava come ele o tempo inteiro, e eles eram amigos. Por que eu não podia falar com ele?! Por que Hannah tinha que estragar tudo?! Foi então que eu comecei a ficar deprimida e pensar que nunca teria chance com ele. Sophia não me agüentava mais chorando nos cantos da escola e meio que me abandonou. Passou a andar com Hannah, Isha, Lucy e Katherine, o que me fez odia-las ainda mais, principalmente Hannah, é claro.
Foi ai que eu virei meio emo, como diriam os jovens de hoje em dia. Eu me exluia e passava todas as aulas pensando ou escrevendo. Em meu fichário, no meio de anotações de biologia em um francês totalmente errado e mapas da África, eu tinha uma divisão secreta, onde escrevia sobre meu tédio e minha solidão, onde elogiava meu amado e criticava qualquer menina que chegasse perto dele, sendo Hannah a rainha das criticas, é claro. Eu grudava a meu iPod e ouvia musicas tristes, pensando no quanto minha vida era ruim. Eu era a menina mais tímida e sozinha da sala. Todos já se encaixavam em algum grupinho, menos eu, que ficava sempre sentada na primeira carteira escrevendo poemas de amor e de ódio.
Depois de um tempo, me dei conta de que o que eu estava fazendo era errado, e resolvi finalmente me enturmar. Era obvio que não ia ser amiga de Hannah, ou muito menos de Sophia, que me havia abandonado, então comecei a falar com Elisabeth, uma belga que falava inglês perfeitamente, e com Mary, a inglesinha dos dentes tortos. Elas eram muito legais e me faziam rir muito. Estavam sempre me dizendo que Lars era so um garoto e não a minha vida, mas aceitavam o fato de eu ser apaixonada por ele, escutavam atentamente quando eu lhes contava meus sonhos e às vezes elas até liam meus poemas, que adoravam –principalmente os que falavam mal de Hannah, a quem também odiavam.
No ano seguinte, quando eu já tinha esquecido Lars, tive de me separar de minhas amigas. E em minha nova classe, eu resolvi ser totalmente o oposto do que tinha sido antes. Eu falava com todo mundo, me candidatei a representante de classe –ganhei a votação por 5 votos-, e logo passei a conhecer quase a escola inteira. As vezes eu nem acreditava que tinha sido apaixonada por Lars quando via ele e seus amigos pulando de muros que nem retardados. Passei a não me abalar por coisas bobas –mesmo meu ponto fraco de abalamento sendo garotos- e a fazer amigos facilmente. Os únicos hábitos que guardei do meu primeiro ano na França foram escrever, ouvir musica e pensar. As 3 coisas que mais faço. Imaginem so como meu pai ficaria feliz se um desses hábitos tivesse alguma coisa a ver com esportes.


eu e Lars no ultimo dia de aula da 6a série, quando Elisabeth levou uma daquelas câmeras descartaveis para a escola e tirou uma foto de nos dois, o que fez daquele dia o "mais feliz da minha vida"

Se não tiver nada para fazer, leia

Não sei por que, mas eu simplesmente não consigo postar neste blog todos os dias. Por alguma razão inexplicável, eu preciso de um período de descanso entre cada um de meus lindos posts. Resolvi escrever um pouco hoje, o que pode ser justificado pelos 5 dias desde a ultima vez que escrevi algo aqui, pelo fato de eu não estar me sentindo muito bem ou é claro, pelo fato da internet do vizinho não estar mais funcionando, afinal se estivesse eu estaria mostrando o cabelo da Cory Kennedy à minha mãe e dizendo que “é assim que eu quero”. Minha mãe cisma em me propor cortes chanel ou qualquer outro que, segundo a revista Capricho, esteja totalmente in. Ela não entende que eu quero apenas um cabelo bagunçado, para que eu fique com cara de acordei-agora-e-daí!?, como o de Kirsten Dunst no filme Tudo Acontece Em Elizabethtown ou justamente, o de Cory Kennedy.


Cory Kennedy e suas belas madeixas



Kirsten Dunst em Tudo Acontece Em Elizabethtown


Mas pelo amor de Deus, chega de falar de cabelos, vamos ao que interessa, ou seja, minha vida. Acordei ontem sozinha na cama de casal na qual tinha dormido com minha mãe. Após um longo período deitada na cama observando os desenhinhos na cortina, levantei e logo vi que não tinha ninguém em casa, afinal meu pai, meu irmão, seu amigo Kevin e minha avo já tinham todos voltado para Curitiba faziam 3 dias. Meio tonta, fui até a cozinha, onde tinha certeza que encontraria um bilhete que começaria por Gizinha, meu amor na letra redondinha da minha mãe.
Bom dia Gizinha, meu amor!
Eu fui para a praia cedinho e não quis te acordar. Por favor me ligue quando ler esse bilhete para combinarmos o que vamos fazer hoje.
Beijos, Mãe
PS: Não se esqueça de tomar café

Li o bilhete mas não lhe liguei, afinal eu não estava com a mínima vontade de ir para a praia, e na minha cabeça eram apenas 11 horas, portanto achei melhor deixa-la ficar mais um pouco na praia fazendo o que ela mais gosta –tomar sol até ficar preta. Fui para a sacada, onde o sinal do vizinho é captado com mais facilidade, e liguei o computador. Para a minha felicidade, a internet estava funcionando. Antes de clicar no pequeno ícone do MSN, olhei o relógio no canto da tela e vi que não eram 11 horas coisa nenhuma. A verdade é que eram duas horas da tarde e que eu estava ali, numa boa, de camisola, coque caído e cara amassada na sacada, para todo mundo ver e se apaixonar. Levantei rápido e liguei para minha mãe, que só atendeu o celular na segunda vez que liguei. Como diz meu pai, “celular em bolsa de mulher é a coisa mais ridícula que existe. Elas nunca ouvem o aparelho tocar, e se ouvem, demoram 3 horas para achar”. Bem, quando minha mãe finalmente ouviu/encontrou/atendeu o telefone, me perguntou se eu tinha dormido bem e se eu havia tomado café e, por fim, me disse que estaria em casa mais ou menos meia hora depois. Voltei à sacada, ainda de camisola, cara amassada e cia., e comecei a ler um blog realmente muito interessante. O tempo passou e eu meio que nem percebi. E pelo visto minha mãe também não. Ela já passara uma hora na praia desde que nos falamos, e eu já estava ficando meio que preocupada. Liguei para ela, e me surpreendi com sua rapidez para atender. Perguntei-lhe se viria logo para casa, e ela disse que sim, que so tinha perdido um pouco a noção do tempo. Prendi meu cabelo num coque e tomei um banho rapido, me vesti e fiquei lhe esperando. Quando ela chegou, se arrumou e fomos para o centro –a pé, afinal nos duas fizemos um chamado pacto de músculos, que nos obriga a fazer pelo menos quarenta e cinco minutos de caminhada por dia-, onde comemos uns pastéis que, como diria o meu pai, “são puro veneno para a saúde”, mas que estavam realmente muito bons. Fora isso, vejamos, nos compramos uma cadeira de praia de cor alaranjada e finalmente encontramos o terceiro livro da série Gossip Girl, aquele que eu estava procurando fazia mais ou menos uma semana e que, vejam so que coincidência, também era laranja. O livro eu li hoje em duas tacadas, o que nos fez caminhar até o centro novamente para comprar a continuação. Essa Cecily não-sei-das-quantas escreve de um jeito curioso –não consigo parar de ler, o que me irrita de certa maneira, afinal não quero gastar todo o dinheiro que ganhei de Natal em livros, mas a série tem 9 e eu acabei de começar a ler o quarto, o que é preocupante.
Acho que o vizinho não liga para o fato de eu estar querendo mostrar o cabelo da Cory Kennedy para a minha mãe e me bloqueou da rede dele. Não sei quando vou conseguir postar isso daqui. Mas eu me recuso a dizer "fresno".

4 de jan. de 2008

VINTE E SEIS GRAUS (Férias)


TERCA FEIRA, 01/01/08 - BOLINHAS ALEATORIAS

Coisas que têm me mantido entretida desde que cheguei a BC:
  • comer, mesmo eu estando comendo tão rapido ultimamente que acabo nem sentindo o gosto dos alimentos;
  • dormir excessivamente e bocejar pelo menos 17 vezes a cada uma das 10 horas que passo acordada;
  • leitura descontrolada de livros, mesmo eles me fazendo sentir deprimida por não ter absolutamente nada de interessante acontecendo na minha vida;
  • conversas comigo mesma que fazem o Veve me comparar a uma velha de 70 anos que fala com os gatos - mas eu nem tenho gatos, o que torna a situação ainda pior;
  • pensamentos típicos de fim/começo de ano: o-que-fiz, o-que-deveria-ter-feito-e-não-fiz, o-que-fiz-e-não-deveria-ter-feito no ano que passou, e listas imaginarias de coisas a fazer em 2008, como apagar a palavra “solteiro” do meu perfil do orkut;
  • banhos demorados ao som da coletânia que eu fiz para o verão, composta por: John Mayer, Feist, 1990s, The Cure, Jackson 5, The Go! Team, entre outros;
  • horas sentada sozinha no sofa, olhando para o meu reflexo na TV desligada e dizendo todas as falas do Orlando Bloom e da Kirsten Dunst no filme Tudo Acontece em Elizabethtown, o que, como as conversas comigo mesma, atrai comentariozinhos bobos da família, mas que me deixa realmente feliz por alguma razão inexplicável;
  • horas sentada sozinha na cama de noite, com pouca luz ao som dos roncos da minha avo fazendo listas bobinhas em vez de ir dormir para ir para a praia cedo no dia seguinte;
  • caminhadas até a casa do meu grandpa-who-has-no-hair (que fazem com que eu possa até dizer que faço algum exercicio), aonde posso entrar no meu orkut e ver que realmente, ninguém me deixou nenhum scrap além daqueles que dizem "Giovana, olha esse video, parece você!Hahaha!", quando na verdade querem nos transmitir AIDS e coisas do gênero;
  • tardes na praia observando à minha volta e querendo desesperadamente escrever, sendo que quando chego em casa a inspiração já foi embora;
  • cultivo de medos dos quais já me tinha esquecido, como o de ventiladores de teto -que podem cair a qualquer momento e te contar em inúmeros pedacinhos- e o de peixes e outras criaturas marinhas que estejam no mar quando vou me refrescar;
  • abandono das manias de FRESNO e palavras em ENGLISH, afinal, ano novo, manias novas!

    QUINTA FEIRA, 03/01/08 - SKINNY GIRL GONE FAT

    No fundo, eu sabia que isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Quem sabe mais tarde do que cedo. Mas eu não esperava por isso no meio das minhas férias de verão, logo agora que eu estava me achando magrinha por ter entrado num jeans tamanho 34 e por estar andando até o outro lado da praia, onde se encontra o apartamento do meu avô, quase todos os dias. Mas então, vamos ao ponto: lá estava eu, sentada no meio da praça de alimentação. Eu estava realmente muito faceira com minha aquisição -Sex and the City, mesmo se a razão de eu ter ido ao shopping era comprar o terceiro livro da série Gossip Girl, que, como já deve ter sido constatado, eu não encontrei- e saboreava umas batatinhas do McDonald's. Estava vestindo um shortinho vermelho e minha camiseta evolution, meu cabelo preso pra trás com um arquinho amarelo, imagine só que gracinha. Enquanto meu irmão lia para meu pai o que estava escrito no papelzinho que forrava sua bandeja, olhei para minhas pernas. Não acreditei no que vi. Eu, a modelo da familia, aquela que foi sempre um palito, mesmo sem comer salada e atacando pacotes de bolacha todas as tardes, possuía uma quantidade visível de celulite em minha perninha fininha e moreninha. Eu não conseguia acreditar. Tinha certeza de que meu pai ia ficar muito brabo quando visse. Ele é atleta, sempre me alertou sobre a importância de ter uma alimentação saudável, "você é o que você come", blablabla. Mas sempre me alertou principalmente sobre esportes. Ele me critica freqüentemente pelo fato de eu não praticar esporte algum. "Quando você tinha seis anos", ele diz, "era campeã de natação. Agora virou sedentária e ainda por cima corcunda, tudo por causa dessa bosta desse computador". Eu sempre digo pra ele que não fui feita para esforços físicos, e não importa o quanto ele me enchesse a paciência, eu não ia levantar da minha cadeirinha almofadada para praticar esportes. Mas ali na praça de alimentação parecia que a coisa tinha mudado. De repente eu me dei conta de que era verdade, eu tinha que fazer algum esporte, ou começar a cuidar da minha alimentação. Quem sabe até os dois, imagine só que orgulho seria para o meu pai. Eu fiquei ali pensando um pouco, olhando para minha perna e pensando em como eu chegara a este ponto. Acabei me dando conta de que eu não era a única assim, e que quem sabe minha avo estivesse certa ao dizer que “essa juventude esta perdida”. Muitas revistas apontam nossa geração como "Geração Fast Food" e coisas assim, com crianças obesas e corcundas como eu. Ta bom, eu sou apenas corcunda, não sou obesa. E me recuso a dizer "ainda". Tudo bem que eu não gosto de esportes, mas também não tenho tendência para engordar. Mas mesmo assim, a conclusão feita naquela praça de alimentação foi que eu vou fazer alguma coisa, se é que eu queira chegar aos 50 anos diferente da minha avo. Por isso, fiz uma decisão bacana: ao chegar em Curitiba, todos os dias vou praticar a Dança do Tapete por uma hora e depois disto irei dar 3 voltas na Colônia Japonesa de bicicleta. Parece pouco, mas meu Deus, aquelas subidas e descidas matam qualquer um. Ta bom, qualquer um menos o Veve.
    Ahh, eu não devia estar aqui escrevendo sobre exercícios, afinal estou com uma dor HORRIVEL no braço, fiz tanta força hoje que meu braço treme só de levar um copo de Fanta à boca. Tudo isso porque hoje, apos um período de tédio dentro do apartamento 501 do edifício Geórgia, eu, meu irmão e seu amigo Kevin decidimos ir andar de banana boat, sabe, aquela bóia bonitinha, que para mim parece mais um lápis do que uma banana, que é puxada, com umas 9 pessoas em cima, por uma lancha em alto mar. Então. Caminhamos até o fim da praia, onde poderíamos pegar esta bonita bóia. Ao chegarmos lá, fomos informados que banana boats não viram mais, pois agora existe uma lei que proíbe esta proeza. Acabamos pegando uma bóia redonda que era meio semelhante à banana (não em aparência, obviamente), respeitava a lei e não virava. Eu achava que ia ser tudo bem, mas meu Deus, meus braços não estão nada bem. A bóia não fora feita para as pessoas sentarem com as pernas para dentro, como naqueles brinquedos também redondos da Disney que passam por um riozinhos com estatuas de elefantes que jogam água pela tromba e cachoeiras. Não, aquela bóia assassina obrigava todos a por as pernas para fora, e não havia cinto algum, não, você tinha que se segurar com as próprias mãos se não quisesse cair. Então você imagina, eu, que mesmo tendo celulitinhas na perna sou bem levinha, naquela bóia gigante voando quando passávamos por cima das ondas, tive que segurar tão forte naquela bóia que no final da aventura não sentia mais os dedos. Imagina como é que eu vou estar amanhã, meu Deus não quero nem pensar nisso.
    MEU DEUS CONSEGUI ENTRAR NO BLOGGER PELA CONEXÃO DO VIZINHO! Eu estou realmente achando essa onda de conexão Wi-Fi uma beleza.


  • eu praticando esportes com African