21 de fev. de 2008

Nazaré Me Empurrou

Tudo bem, eu estava pedindo para alguma coisa de diferente acontecer na minha vida. Mas podia ser um diferente mais, digamos, normal, não podia?! Podia ser alguma coisa como uma ida ao shopping para encontrar minha alma gêmea ou alguma outra coisa legal. Mas não, tinha que ser isso.
La estava eu, ainda de uniforme, sentada em minha cadeira assistindo a videos de Regina Spektor no youtube. A verdade é que ontem passei a maior parte do meu tempo assistindo a videos dela, fosse no youtube ou não. Mas bom, vamos ao ponto. Enquanto eu ouvia Regina cantar Ghost Of Corporate Future, comecei a ouvir outro barulho. Era algo parecido com zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz, o que indicava grande perigo, havia um inseto no meu quarto. Desliguei o som e sai em busca do animal, tomando muito cuidado, é claro. Era um besouro gigante e nojento que se fingia de santo paradinho em minha janela. Eu, que obviamente não sou burra, me escondi, tirei um tênis e, esquecendo completamente que minha mira não é das melhores, joguei nele. Como você deve ter adivinhado, não acertei, e o besouro voou para um local mais confortavel. Foi então que resolvi agir, verdadeiramente.
"RAFAEEEEEEEEEEEEEL VEM AQUIIII POR FAVOOOOOOOOOR" gritei o mais alto que pude.
Não houve resposta alguma. "RAFAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEELL!", gritei de novo.
Ou ele não ouviu, ou ele estava ocupado demais assistindo futebol. Fui até o quarto de meus pais e la estava ele, deitado, ocupado demais assistindo Big Brother, e não futebol, vejam so, ele não é tão-previsivel-assim. "Rafael pelo amor de Deus venha matar um bixo gigante que ta la no meu quarto" eu lhe pedi.
"Ja vou, Giovana. Agora estou assistindo aqui". O QUE? ENTÃO ELE PREFERIA VER A VIDA DE OUTRAS PESSOAS DO QUE SALVAR A MINHA? Eu continuei ali de pé, e pretendia ficar ali até ele se levantar e eliminar aquela criatura monstruosa que estava se achando dona do meu quarto. Mas ele não levantou. Resolvi descer, ainda com apenas um pé de sapato no pé, e pedir auxilio a meu pai. Mas ele e minha mãe estavam ocupados demais assistindo um filme. Foi então que uma otima idéia me veio à cabeça: eu poderia, é claro, abrir a janela e fazer com que o besouro fosse embora, eu tinha varias ferramentas que me ajudariam, como cadernos de matematica, botas que não cabem mais em mim, o travesseiro do meu irmão, cartas do Felix e outras coisas-que-não-têm-importância. Mas o destino não quis que fosse assim.
Eu estava subindo as escadas, quem sabe preocupada demais com o besouro que poderia sair do meu quarto e voar até a escada e me comer e não me preocupando muito com o fato de eu estar subindo escadas de marmore extremamente escorregadio com apenas um pé de tênis, quando aconteceu. Eu estava quase chegando ao segundo andar, quando escorreguei. Escorreguei e cai. Cai de costas e sai rolando escada abaixo, tentando me segurar em alguma coisa mas obviamente não conseguindo. Eu achava que ia morrer, meu Deus. Mas graças à camada de celulite que ha um mês me encomodava realmente um bocado, não quebrei nada e ainda estou viva, afinal, cai de bunda no chão. E agora não consigo andar. Meus cotovelos, meus dedinhos do pé, minhas pernas e, é claro, minha bunda estão doendo intensamente, o que quer dizer que não fui à escola, o que quer dizer que rolar escada abaixo quem sabe não é tão ruim assim. Ou quem sabe seja. O mais curioso é que quando finalmente consegui subir as escadas e entrar em meu quarto, ele não estava mais la. Mas eu ainda vou achar aquele besouro. Não que eu goste dele ou nada do gênero, é apenas para poder finalmente mata-lo. Ou pedir para meu pai mata-lo. Besouro desgraçado.

18 de fev. de 2008

"Ch Ch Ch Ch Changes"

  • A chamada depressão-de-volta-às-aulas foi curada, senhoras e senhores, e hoje cá estou eu, feliz por poder vos contar que voltei a ser uma menina feliz e saltitante que sabe exatamente quem é, e cuja cabeça não está cheia de dúvidas do tipo "meu Deus, o que vim fazer neste mundo".
  • Minha mãe está se sentindo muito melhor, já está conseguindo fazer várias coisas legais, já foi ao supermercado, já foi ao shopping com meu irmão para comprar um presente para sua namorada (do meu irmão, é claro) (meu Deus, não consigo nem acreditar que acabei de dizer isso), já se estressou comigo só porque ando acordando todos os dias de bom humor e passo o dia inteiro cantando no ouvido dela, e é claro, o mais importante, já costurou minhas pantufas. Agora posso muito bem ir ao hospital com elas, não haverá mais rastro de algodão algum.
  • Meus avós foram para a praia e ao voltarem, trouxeram meu lindo tapete de dança (que eu nem tive que pedir, vejam só! Se bem que, se eu tivesse mesmo que ter pedido, meu tapete ainda estaria lá na praia. Não que eu não quisesse meu tapete de volta ou nada assim, é só porque eu tenho uma mania de lembrar de pedir coisas, ou de fazer coisas, ou de fazer qualquer outra coisa com as coisas, quando já é tarde demais), que será utilizado para fins, bem, "esportivos" por mim a partir de amanhã de manhã.
  • Hoje, pela primeira vez em minha longa vida, fui realmente muito corajosa e andei a cavalo. Eu sei que não é lá tão interessante, mas eu realmente fiquei orgulhosa de mim mesma e realizada, porque andar a cavalo até que é uma coisa legalzinha, se você ignorar as rabadas que leva e o medo que te dá quando ele olha para trás, mesmo o objetivo dele sendo espantar uma mosca e não demonstrar que está brabo com você.
  • Hmm, acabou o horário de verão.
  • BEM, por hoje é isto, eu acho. Mas nem fiquem felizinhos, mais mudanças estão por vir. E não, eu não vou cortar meu cabelo.

    14 de fev. de 2008

    Crises na vida de uma delinqüente juvenil II

    Há um grande problema. Um problema envolvendo volta às aulas e Giovana Feix -a.k.a eu. Um problema que acabou de ser descoberto, mas que vem me perturbando há alguns anos. Um problema que -pelo menos esse ano- eu não consigo entender direito.
    Em todas as outras voltas às aulas, esse sentimento de meu-deus-eu-sou-um-nada-não-sei-o-que-fazer-da-minha-vida-e-não-aguento-mais-esse-mundo podia ter várias razões. Podia ser porque eu tinha de ir para a escola sem falar francês e por ter de fingir que eu era muda, podia ser porque eu me apaixonara pela primeira vez, ou é claro, podia ser o clássico, podia ser aquela história toda de "Acabei de entrar na escola, não conheço ninguém, sou tímida e ningúem quer falar comigo". Essas são razões para sentir depressão-de-volta-às-aulas. Mas pensemos sobre minha vida atual. Tudo bem que meu irmão é um pé no saco, que meu pai está sempre estressado, que minha mãe está doente e que eu estou solteira faz um tempinho. Eu tenho amigas. Amigas que podem até rir das minhas narinas que mexem quando eu rio e que podem até ficar com nojo impressionadas ao ver como meu cabelo fica se eu não lavá-lo por um mísero dia. Mas elas são minhas amigas. E por ter elas, eu não deveria me sentir assim.
    Mas então por que eu me sinto?! Por que eu não consigo mais escrever?! Por que eu não consigo dormir de noite?! (Tá bom, vou admitir que eu só não consigo dormir de noite porque está muito quente e eu não consigo dormir sem edredom, mas bem, eu tinha que encontrar mais uma pergunta para fazer um efeito de suspense no texto. )
    No começo do ano letivo 2006/2007, eu estava me sentindo assim. Mas eu conseguia encontrar razões, ahh, eu conseguia encontrar muitas razões, eis a prova:

    im on a depressed mood today. im sick of things being the way they are. im sick of going to school (even though i dont think im the only one). im sick of my dad always yelling at everything. im sick of my history teacher, ive been having history classes almost everyday since my portuguese teacher got sick. im sick of marylène, she is even worse then hannah. im sick of playing rugby, its too hard for me, i prefere soccer. im sick of having so many doubts in my head and being so confused. im sick of being in 4eme 4. im sick of people making fun of me and not accepting me the way i am. im sick of myself. im sick of complaning. im sick of being so pessimistic. im sick of having to feel these horrible pains once a month (it feels so bad to think ill have them for the rest of my LIFE). im sick of my days being all the same. everyday i wake up, get dressed, eat breakfast,brush my teeth, go to school, count the minutes for class to end, eat disgusting canteen food, go to class, count minutes for class to end again, go home, stay on the computer, do homework, eat, shower, sleep.and then i wake up, get dressed, eat breakfast....well, everything starts aaall over again. its REALLY boring. im sick! im rly sick! of everything! in french class today (unfortunatetly, i had 2 hours of M BROSSEL), i almost fell asleep and i kept talking to eva karina during the 2 hours. shes rly nice, i actually like her.but when she was talking to her friend jotte, or whatever her name is, i couldnt stop thinking about moouse! i mean, not in a depressed way, i was just wondering if maybe he liked me back or something. and tomato and his friend made fun of me and my accent in french, and i was sitting on my own, and i wanted to disappear,i didnt want any of that in my life anymore. not m brossel, not mouse, not marylène, not tomato, not his stupid friends, not school, i wanted PEACE. really, i cant stand it anymore. i need a hug.

    Era dia 3 de outubro quando eu postei esse texto em meu fotolog. Eu me lembro direitinho do quanto eu me senti melhor depois de escrevê-lo, e principalmente depois de ler um comentário que dizia:

    the one who wants to give you a hug. disse em 15/10/06 18:11

    i feel the same way you do, really. When i was reading what you wrote, i just couldn't stop thinking about my life. they're just the same, our lives, our problems, our doubts...You are a good writer. I wish i could write the same way you do. But actually it's not a problem, 'cause reading your words is even better than trying to write mine.Don't you stop posting, never!Thank you so much, for all that you've writen.Hugs,the one who feel the same way you do.


    Só queria poder saber o que está me encomodando tanto, só queria poder ter alguém que pudesse me dizer coisas tão boazinhas como essa pessoa, essa pessoa que eu nem conheço, mas que me fez sentir tão melhor. Só queria parar com essas minhas neuras e aproveitar a minha vida, queria que alguma coisa interessante acontecesse para que eu pudesse parar de escrever textos desesperados sobre como voltas às aulas me prejudicam. Mal consigo acreditar que terei de terminar esse post com a palavra FRESNO.

    11 de fev. de 2008

    "you go back to her and I go back to..."

    Vejamos, o que podemos dizer sobre a chamada Volta Às Aulas?! Eu diria que é um dia realmente lindo. Um dia onde milhares de estudantes de todo o nosso lindo Brasil, após um longo e agradável período da vida onde todos são livres para viver chamado férias, regressam a estabelecimentos chamados escolas, aonde reencontram coleguinhas e matam saudades de bondosos professores e de matérias super interessantes.
    Mas bem, para mim a Volta Às Aulas não foi bem assim. Não que tenha sido um dia chato, ou que eu não tenha achado realmente divertido reencontrar todos os meus coleguinhas - grande parte estava bronzeada e não parava de falar sobre as lindas aventuras que viveram durante as férias- e professores -que se apresentavam novamente e não paravam de falar sobre regras escolares e sobre como cadernos devem ser organizados-, que eu não tenha adorado receber apostilas e agendas novas e não tenha sido prazeroso copiar o horário das aulas nelas. Mas Meu Deus, a volta às aulas esse ano foi um choque para mim. Foi o retorno à minha linda rotina, foi o retorno ao mundo onde seu pai ter dificuldade para te acordar ao meio dia não é uma coisa normal, ao mundo onde as pessoas tiram sarro de você porque a camiseta do seu uniforme é grande demais, ao mundo onde ser amiga dos inspetores e das mulheres que limpam o banheiro não é coisa de gente normal e, bem, onde arranjar um namorado parece estar fora de cogitação.
    Ah, não estou com tanta vontade de escrever assim e também não vou ficar aqui reclamando, então vou apenas colocar um vídeo feliz para que todos fiquem de bom humor, fazendo com que não tenham tempo de sentir pena de mim e meu retorno ao mundo real.

    7 de fev. de 2008

    Texto Ruim & Clichê, Me Perdoe Por Ter Uma Vida Tão Chata

    Hmm, como posso dizer, dia 2 não... não foi bem uma revolução. Quero dizer, eu acordei cedo e andei de bicicleta e tudo mais, mas foi meio que um dia extraordinário no meio de outros não-tão-extraordinários-assim, outros dias onde acordo ao meio dia e passo o dia inteiro na frente do computador. Outros dias iguaizinhos a hoje. Ou quem sabe até um pouco melhores.
    Hoje acordei ao meio dia e fui almoçar de pijama. Lá estava meu irmão, comendo rápido para não chegar atrasado à fisioterapia, minha mãe, que ainda está de repouso por causa da síndrome do pânico, meu pai, me perguntando se aquilo era hora de acordar, e minha avó, rabugentinha como sempre, comendo panquecas e ovo mexido, uma linda combinação se você quer saber. Sentei-me à mesa, minha cara amassada e meu cabelo oleoso. Comi em silêncio, enquanto minha avó repetia 5 vezes a mesma piada e se perguntava por que ninguém ria e meu irmão imitava o tique nervoso dela olhando para mim.
    Depois do almoço fiquei assistindo TV com minha mãe - Globo Esporte, Vídeo Show...- e quando começou Coração de Estudante decidi subir tomar banho. Subi as escadas rapidamente e liguei meu computador, para, bem, ver se ninguém tinha me deixado um scrap legalzinho no orkut -mesmo sabendo que ninguém teria me deixado scrap algum, como sempre, e que eu ia acabar passando tempo demais fuçando no orkut de pessoas que eu nem conheço direito e que aparentam ter vidas muito mais legais do que a minha. Passei muito tempo no orkut, e então me lembrei da existência do Facebook, um lindo website onde pessoas me mandam recados de verdade e por onde fico sabendo de tudo o que meu ex anda fazendo. Aah, o Facebook.
    Quando minha página inicial abriu, vi que tinha duas mensagens novas, e fui lê-las, ansiosa. Eram duas mensagens de minha amiga, com 19 fotos anexadas. Meu Deus, como aquilo me fez chorar. Num instante, todo o tempo que nós duas tínhamos passado juntas me veio à cabeça, e eu me senti horrível. Me senti horrível porque eu tinha mudado tanto, porque eu não me sinto bem todos os dias aqui no Brasil como eu me sentia lá na França, por causa da saudade da minha amiga, porque ela estava precisando de mim assim como eu estava precisando dela, e porque eu não fazia a mínima idéia -ainda não faço, na verdade- de quando nós íamos poder nos ver de novo. Tranquei a porta do meu quarto e botei uma música alta -Goo Goo Dolls, veja que ótima idéia-, entrei no chuveiro e não conseguia parar de chorar. Parece uma coisa tão ridícula quando eu escrevo, mas, nossa, eu estava me sentindo horrível. Só queria estar lá, com ela, com todos os meus amigos, só queria que tudo pudesse ser como antes, porque ó céus, minha vida é horrível, tudo dá errado para mim, eu odeio morar nesse país. Saí do banho chorando, me vesti chorando e me acalmei enquanto secava os cabelos e sentia o cheiro de sabonete de minhas mãos.
    Foi então que me sentei em minha cadeira e li a mensagem de minha amiga de novo. Me fazia sentir tão bem saber que existia uma pessoa, não importa o quão longe estivesse, que me conhece tão bem e que é tão parecida comigo, que me manda vídeos bobinhos no youtube quando estou triste e para quem eu podia contar tudo... Fiquei pensando em como eu podia interpretar aquela mensagem de dois jeitos tão diferentes e do nada, do nada mesmo, me lembrei de um blog que eu adorava visitar quando morava na França, http://photilde.skyrock.com/.
    Entrei nesse blog e li um texto que me fez querer, realmente, fazer uma revolução na minha vida. Resolvi usar meus dons lingüísticos para traduzi-lo e compartilhá-lo convosco:

    Imagine que você ganhou um concurso cujo prêmio é o seguinte: cada manhã,um banco abrirá para você uma conta de R$86400. Como todo jogo, esse também tem regras, que são:

  • todo o dinheiro que você não gasta durante o dia é retirado da conta, sem que você possa botá-lo em uma outra conta ou qualquer coisa assim, mas todas as manhãs você vai receber R$86400.
  • o banco tem um direito de interromper esse jogo sem avisar, a qualquer momento. O que você faria se você ganhasse realmente um concurso como esse?! Obviamente você deve querer usar todo o dinheiro desse "banho mágico" para agradar a você, para agradar a sua família, a seus amigos...
    Voltemos à realidade, onde jamais existiria um concurso assim. mas esse "banco mágico", todos nós temos, é o tempo! Todos os dias, quando acordamos, recebemos 86400segundos de vida para nosso dia, e quando nos deitamos à noite, o tempo que não aproveitamos será perdido para sempre... Todas as manhãs essa magia recomeça, nós ganhamos mais 86400 segundos de vida, e vivemos com uma regra: o banco pode fechar nossa conta a qualquer hora, sem avisar. A qualquer momento, nossa vida pode acabar. Então o que nós fazemos com nossos 86400 segundos de vida diários?! Não seriam segundos de vida mais importantes que reais?! Então temos de viver todos esses segundos, oferecendo alegria, proporcionando sorrisos às pessoas com quem convivemos e aproveitando todos os dias esses tantos momentos únicos...

  • 2 de fev. de 2008

    Nova Era

    Esta manhã meu acordar foi proporcionado por um agradável friozinho nos pés, já que as duas meias pretas de bolinhas brancas que eu tinha calçado antes de me deitar na noite anterior não estavam mais lá. A luz do sol entrava por uma frestinha na persiana,que mesmo sendo minúscula fez com que eu não conseguisse mais dormir. Levantei e fui até o banheiro, lavei o rosto, escovei o dente, entre outros, e abri a porta do meu quarto. Encontrei meu pai de pé no corredor olhando para mim com cara de espanto. "Você está doente, menina?! São oito horas da manhã." "Pior é que estou doente sim", lhe respondi, meio que chocada com o horário, com uma voz ainda mais rouca do que que a minha linda voz matinal habitualmente é, "será que tem algum remédio para dor de garganta?". Meu pai me deu um remédio e eu decidi voltar a dormir. Fechei a persiana direitinho para que meu quarto ficasse escuro, botei minhas meias -uma estava entre o edredom e o lençol e a outra caída no chão- e me enrolei no edredom. Não sei se era por causa do meu nariz ardendo e do meu olho lacrimejando, se era por causa do gosto de remédio na minha boca, por causa do calor que eu passava enrolada naquele edredom ou por causa do frio que eu passava se o tirasse, mas eu não conseguia dormir. Às 8h30, me levantei e desci falar com meu pai. "Pai, não consigo mais dormir", disse a ele, que estava prestando mais atenção à TV do que a mim. Fiquei em pé na frente da televisão, fazendo com que ele me desse atenção e escutasse o que eu estava lhe dizendo. "Que tal a gente sair e comprar umas flores para a mãe?!" (Minha mãe, que semana passada tinha tido um ataque de estresse, teve mais um quinta-feira, foi para o hospital e descobriu que estava com síndrome do pânico. Desde então eu tento fazer coisinhas legais -como cartinhas em baixo da porta de manhã, café na cama todos os dias, aluguel de filmes água-com-açúcar, etc- para ela não se estressar, afinal o problema dela são esses ataques, quando ela não consegue respirar e o corpo inteiro começa a formigar, e ela começa a ficar com medo de morrer, o que faz com que o ataque piore ainda mais) Meu pai olhou para mim e sorriu, levantou e disse "Vai se trocar então que a gente vai na floricultura". Pus uma calça jeans que estava jogada na minha cadeira e uma camiseta branca, prendi meu cabelo e olhei minha cara inchada. "Uau, você acordou cedo mesmo. Quem sabe este seja o começo de uma nova era."
    Desci e fui com meu pai para a floricultura. Vou admitir que fiquei com um pouquinho de sono no carro, mas bom, também não sou de ferro, eram nove horas da manhã, pelo amor de Deus. Compramos um girassol, que é a flor preferida da minha mãe, e voltamos para casa bem rápido. Puzemos pão, queijo, presunto, iogurte, vitamina, sucrilhos e leite numa bandeja e levamos para o quarto dela, junto com a flor, é claro. Ela acordou de bom humor e até passou o dia fora do quarto. Mas a verdadeira revolução do dia, senhoras e senhores, não foi ela, fui eu.
    Não só acordei às 8 horas da manhã, como também resolvi cuidar de minhas celulitinhas, finalmente. Quando estava em BC, dissera que, ao chegar em Curitiba, ia praticar a dança do tapete todos os dias e logo após, daria 3 voltas de bicicleta na Colônia Japonesa (?), o que até hoje não havia sido realizado por duas razões:
  • esqueci meu tapete no apartamento do meu avô em BC
  • tenho uma preguiça realmente grande de pegar a chave do cadeado da minha bicicleta, pegá-la, levá-la até a rua e é claro, de andar nela
    MAS, senhoras e senhores, como eu havia pensado antes, hoje foi o começo de uma nova era, e eu, do nada, peguei a chave do cadeado da minha bicicleta, peguei ela, levei ela até a rua e é claro, andei nela. Mas não dei só 3 voltas na quadra. Eu dei quinze. Vejam só que orgulho. Não quero nem pensar em como minhas pernas vão estar amanhã, só quero pensar no orgulho que o meu pai deve estar sentindo de mim. Afinal, não é todo dia que uma sedentária corcunda consegue dar 15 voltas de bicicleta em sua quadra. Principalmente quando ela -a quadra- é cheia de subidas, descidas e coisas do gênero -ex: lombadas, que são realmente assustadoras. Acho que acompanhada pela playlist Parapapapa... do meu iPod eu consigo fazer -quase- qualquer coisa.

    que o espírito de natal carnaval invada seu coração e lhe proporcione lindas revoluções como a minha
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