23 de nov. de 2007

Crises na vida de uma delinqüente juvenil

Lá estava eu, sentada num banco, falando sobre meus dilemas com o Vidal, com um nó na garganta mas me segurando para não chorar, olhando para o portão a cada vez que ouvia o barulho de um carro chegando. Curiosamente, nunca era a minha mãe. Continuei ali falando com aquele homem, o que mais poderia ser feito naquela minha situação!? O papo não estava lá aquelas coisas, então fiquei quieta um pouco, observando tudo em volta de mim e pensando em coisas retardadas como por que o céu é azul ou como o céu seria estranho se fosse verde. Pensei demais, e acabei entrando em uma de minhas crises, sabe, aquelas típicas crises existencias que ocorrem na vida de uma delinqüente juvenil como eu. Me senti como se não soubesse mais quem era, me senti uma cagada, um nada, me senti um lixo. Comecei a pensar no Felix, e bateu aquela saudade, aquela vontade de estar com ele, de sentir o cheiro dele, de pisar no pé dele e de apostar corrida até o quarto andar, sabendo que quando ele já tivesse chegado lá em cima eu estaria no segundo andar, morta de cansaço. Comecei a pensar que toda essa minha crise existencial era porque a gente tinha terminado, porque é só com ele que eu sei quem eu sou, porque é só com ele que eu posso ser quem eu sou, e que não adiantava inventar moda, minha vida sem ele não seria nada. A cada segundo que passava, cada pensamento que passava por minha mente, me dava mais vontade de chorar. Mas eu não queria chorar ali. Então resolvi voltar aos pensamentos do tipo por que as folhas são verdes e não azuis. Eu mal cheguei a pensar na existência da clorofila quando o carro da minha mãe estava ali, e ela, impaciente, já buzinava para que eu entrasse no carro. Eu peguei minhas coisas e andei o mais devagar que podia, nem sei direito por quê, em direção ao carro da minha mãe. Abri a porta, olhei para ela, feliz me mostrando as compras que tinha feito na Tok & Stok, e comecei a chorar. Eu não aguentava mais, eu queria desaparecer, eu não queria mais nada, só queria dormir, dormir pelo resto da minha vida. Minha olhou para mim com uma cara de de novo nããão, mas me perguntou com um tom muito querido se eu tinha tido uma recaída. Não gostei da palavra que ela usou, parecia que eu era uma toxicômana que tinha saído de um centro de reabilitação há duas semanas e que acordara no hospital por ter tido uma overdose de cocaína na noite anterior. Mas eu acho que eu tinha tido uma recaída, sim. Não do tipo overdose de cocaína, mas uma recaída. Porque antes, eu estava -ou pelo menos achava que estava- bem sem o Felix, mas naquele momento, não estava mais -ou pelo menos, não achava que estava mais. O negócio, é que eu estava muito confusa. Chorei bastante no carro, e foi bom, botei tudo para fora. Bom, nem tudo. Cheguei em casa planejando comer a noite inteira, assistir tv, ler um livro, esquecer um pouco da minha vida. Mas acabei me dando conta de que não é do Felix que eu sinto falta. Tá bom, eu sinto falta dele, não posso mentir, mas o que mais me faz falta é escrever. Quando a gente ainda estava namorando, eu escrevia para ele quase todos os dias, escrevia umas 5 páginas por dia. Ah, nem tanto, mas eu escrevia bastante, e, nossa, eu não me tocava o quanto escrever me faz bem. É por isso que eu resolvi escrever isso, para me sentir melhor, para botar tudo isso para fora sem nem ter que chorar, afinal chorar é coisa de emo, e sou indie. Mentira, sou uma roqueira intelectual. Ah, não sou intelectual coisa nenhuma, tirei 4.9 na prova de matemática, mas, me deculpe Jesus, não estou nem aí.
É mágica a maneira como escrever me ajuda a ser uma pessoa mais feliz. Agora estou me sentindo bem melhor. Mas isso não quer dizer que eu não posso comer a noite inteira, assistir tv, ler um livro e esquecer da minha vida, né!? HAHAHAHA não disse fresno nenhuma vez hoje, que orgulho!

Um comentário:

let it be disse...

o vidal é otimo pra desabafar.. e aquelas costeletas, mel dels, me seduzem .