4 de jun. de 2008


Entro agora naquela inevitável parte do ano em que o mundo parece querer se vingar de mim. Naquela parte do ano em que tudo parece querer me mostrar que, não, Giovana, não adianta você fingir que está tudo bem, você está sozinha. Mais uma vez.
O negócio é que, esse ano em especial, o dia dos Namorados está conseguindo me fazer sentir ainda pior. E não é porque está frio, porque eu estou com espinhas excessivamente grandes em ambos lados de minha face ou porque amanhã será o último episódio de Pushing Daisies. É por causa do arrependimento. É por causa de um grande arrependimento.
Ano passado, nessa mesma época do ano, eu tinha recém chegado ao Brasil. Era a época em que eu passava meus dias falando com o Felix no msn, escrevendo cartas para o Felix, chorando porque queria estar com o Felix, contando histórias do Felix para a minha mãe para que ela se desse conta do quanto ela tinha estragado a minha vida por ter me obrigado a me mudar, ou dormindo. Ahh, essa era a melhor parte do dia; a noite. Era aí que eu podia me esquecer de todos os meus terríveis problemas e sonhar. Com o Felix, é claro.
Eu me lembro do que eu lhe escrevia nas cartas, em especial na carta que eu lhe mandei em junho, mês dos namorados.
"É tão horrível viver sem você, meu amor. Todos os dias tenho que almoçar com meu pai e meu irmão, e vamos sempre no mesmo restaurante. Sinto falta de quando eu e você almoçávamos juntos, e em que entrávamos no msn correndo todos os dias depois da aula para podermos nos ver enquanto nos falávamos no telefone. Agora aqui no Brasil é dia dos Namorados (eu sei, que idiota, estamos em junho), e eu estou me sentindo tão mal. Queria que você estivesse aqui e que a gente pudesse comemorar esse dia juntos. Queria poder te mostrar minha cidade e te levar no meu restaurante preferido. Queria poder te abraçar e beijar aquela sua pintinha no pescoço. Mas não. Não sei quando a minha mãe vai me deixar ir te ver, mas eu não aguento mais esperar. Estou morrendo de saudades. Te amo pra sempre. "


Meu Deus, como pensar nisso me faz sentir horrível. Eu vi o Felix. 10 dias atrás eu estava com ele. Bem, não exatamente com ele, mas estávamos no mesmo país. E eu tive a capacidade de ter medo de me aproximar.
Eu sei, eu sei, "se não foi é porque não era para ser", mas meu Deus. Nós já tínhamos sido tão íntimos e apaixonados um dia, e agora nos vimos e ficamos como dois idiotas, cada um do seu lado, com medo de fazer alguma coisa.
Enquanto eu estive lá, fui para a escola todos os dias com minha amiga. E, quando estávamos na mesma sala, eu e o Felix sentávamos cada um em um canto. Eu olhava para ele de vez em quando, e às vezes nossos olhares se cruzavam. A gente dava uma risadinha e já olhava para outro lugar, fingia ter alguma coisa para dizer à pessoa sentada ao nosso lado ou ter um súbito interesse no que o professor estava explicando. Quando estávamos em uma roda de amigos, sempre ríamos das piadinhas-sem-graça um do outro, e a lista de atitudes-idiotas-de-pessoas-apaixonadas continua.
Quem sabe se eu tivesse ficado lá um dia a mais, teria ficado com ele. Quem sabe eu vá passar o resto da minha vida pensando "e se...". Quem sabe um dia a gente vá se ver de novo. Quem sabe não.
Quem sabe eu deva então simplesmente continuar minha vida, e aprender a viver com tantos quem sabes.

2 comentários:

Anônimo disse...

vou passar o dia dos namorados sozinha, to saindo com um cara que tem namorada e to muito triste :(

vai manda um recado pro felix dia 12?

Anônimo disse...

que perfeito esse blog! ameei